

VIVENDO UM RPG
Dragões Gêmeos: O Reino de Gelo
Capítulo 1: A Raposa Branca
As conexões do universo parecem teias e mais teias de dimensões, todas elas conectadas de alguma forma, por energias das mais variadas. A diversidade de criaturas existentes em cada mundo é incrível, e mais ainda, quando estas mesmas criaturas trocam experiências de realidades totalmente diferentes, em que as razões de um universo não se encaixam no outro. É uma infinidade de existências, pensamentos, lógicas, imaginação. E a forma como cada ser reage às novas descobertas também faz parte de seu desenvolvimento. Apesar de estarem em dimensões completamente distantes, ambos os mundos são acolhedores e cheios de particularidades, mas há várias semelhanças também. Foi assim que Artemis enxergou os acontecimentos recentes, que antes em seu mundo, nem mesmo a sabedoria das existências das demais dimensões era consciente.
Um mundo de raças arcaicas e desenvolvidas, mas não tão desenvolvidas quando no universo daquela Maga de cabelos brancos. Haviam muitos magos em seu mundo, mas nenhum capaz de invocar criaturas tão poderosas, atravessar dimensões ou lutar fisicamente. O aprimoramento das habilidades dos seres que vivem em Pan Gu divide-se em raças, das quais os seres nascem com certas habilidades, e classes, que determinam o que o ser fará com as habilidades, de acordo com suas aptidões e treinamento. A descoberta de outras dimensões, que se alternam e seguem regras completamente distintas daquilo que conhece fez a mestiça questionar e refletir.
Longo e aberto, o campo semidesértico, que rodeia as cidades da terra dos Selvagens, resguarda um extenso e profundo rio, ao Sul da Cidade das Feras. Logo à beira do fluente, sentava a jovem raposa, em sua forma humanoide. Suas compridas e onduladas madeixas negras estavam molhadas, pois acabada de sair da água. Sua espiritualidade e conexão com a natureza a fazem sempre retornar para o local, que de certa maneira gera uma paz inconfundível, além de ter passado toda a sua infância e treinamento inicial naquela região. Esticou ambas as pernas à frente, apoiando as mãos no chão, atrás do corpo. Apesar da pouca altura, sua silhueta era muito generosa em seus atributos femininos, dignos de atenção de qualquer ser. Os orbes amarelados fitavam o vazio, em direção ao céu, limpo e azul. A pele branca debaixo do sol já próximo ao seu ápice, em torno do meio dia, deixou suas bochechas rosadas.
– Huummmm... – Suspirou. – Quando será que ela vem? – Indagando, sua mente ladrilhava pelos acontecimentos do último ano. – Será que tudo aquilo realmente aconteceu, ou foi apenas eu com meus sonhos babacas? – Estavam todas as informações em sua mente, mas apenas em sua mente.

Alguns felinos rodeavam a beira do lago, a poucos metros da morena. Eles tinham uma pelagem roxa, dentes de sabre e olhos dourados. Os pescoços dessas criaturas tinham faixas verdes em coro, como colares tribais. Cada um tinha cerca de 2,1 metros de comprimento e 1,3 metros de altura, alcançando a cintura da mulher. A cauda longa e fina balançava junto com o caminhar imponente. Aquelas criaturas eram poderosas para aquela região. Havia uma certa razão nas ações que tomavam, pois sempre andavam em grupo e atacavam com estratégia, para outras criaturas de porte maior. Artemis os enfrentou outras vezes, mas a cada confronto, as estratégias de caça desses felinos era mais difícil de contornar. Sentiu o cheiro deles, e virou a face bruscamente para trás, entortando-se.
[Felino 1] – Gruuuuuu.... – Rosnava um deles, talvez o mais furioso ou líder do bando.
[Felino 2] – Gruuuuaaaaaawwwwwwrrrr!!!! – Rugiu outro deles, focando o olhar de ódio para a mestiça, já entrando em posição de ataque, curvando as patas e abaixando o corpo, na intenção de saltar para frente, como um leopardo em pose de caça.
– Podem vir! – Disse, sorrindo de uma forma maliciosa. Ergueu-se e posicionou as mãos e pés. As unhas pontiagudas, como verdadeiras garras, vermelhas pela sua vaidade. Trajava uma roupa de banho,
que encobria apenas suas partes femininas. Cintura fina, pernas torneadas de treino, braços definidos. Apesar de ser uma Feiticeira, Artemis também é uma Selvagem, treinou e viveu na selva desde que nasceu. Em sua mão direita, uma luz esverdeada começou a aparecer. Os felinos estavam famintos, prontos para o ataque. O primeiro deles, cercando a morena pela lateral esquerda, continuava a rosnar, enquanto três a cercavam pela frente e mais um pela lateral direita. Atrás, o lago continuava seu fluxo. Finalmente, a mestiça levantou a mão direita para cima, conjurou três feitiços. O brilho azulado na mesma mão tomou a forma de um cajado de 2 metros de altura, cuja ponta abria como garras, e algumas pedras mágicas azul-marinho rodeavam-nas. A arma emite uma luz azul em toda a sua extensão, chegando a ofuscar quem o observa. Aquele era o cajado reforjado de Rank 8, o terceiro mais poderoso. Em fração de segundos, todos os cinco animais partiram para o ataque, e Artemis bateu a ponta oposta de seu artefato no chão de terra e fechou os olhos. Famitos e velozes, os cinco arquearam seus corpos em perfeita posição no ar, digno de caçadores de alto nível. Imóvel, a Raposa teve os três feitiços atendidos. Gigante, o Herói emergiu das terras secas, como um ogro dourado. Seus cabelos espetados eram vermelhos, assim como suas túnicas, colares dos sábios budistas antigos e sapatilhas. Uma reencarnação dos deuses, seu marrete na mão direita era tão pesado que apenas ele próprio tem o poder para carregá-lo. Forte, robusto e imponente, o maior dos servos Tankers. Hércules, o herói de ouro. Os cinco felinos bateram em seu tronco, pois apenas a presença dele já é o suficiente para atrair toda a hostilidade, protegendo seu invocador. Os inimigos caíram ao chão, e antes que pudessem levantar, a Feiticeira ergueu novamente a mão, e do cajado, rajadas de maldições danosas partiram ao ataque das criaturas. Em frações de segundos, seus corpos foram desfragmentados em mero pó. Notando a destruição dos felinos, Hércules virou-se para sua mestra. Ele não podia falar, mas seu olhar protetor e seu coração puro e nobre já são mais que o suficiente. A criatura sorriu, e ficou ao lado aguardando o próximo comando de sua domesticadora.
– Vencemos! – Sorriu para seu amigo, sacando um bolinho de arroz redondo, para recuperar suas energias, e como sabe melhor que ninguém os gostos de Hércules, sacou um pacote de biscoitos. O pet olhou sorridente, e de forma desengonçada, pegou o pacote e começou rapidamente a enfiar vários bolinhos na boca de uma única vez. – Coma devagar seu bebezão! – Disse para ele, que não entendeu muito bem a ordem e continuou comendo, de tão viciado que era naqueles doces.
– HÉRCULEEEES!! – Gritou, desta vez irritada. Então o dourado olhou para ela, e passou a comer um pouco mais devagar. – Credo parece que nunca viu comida na vida! Vamos andando, temos coisas para arrumar ainda lá na cidade! – O ser terminou de comer, tanto os bolinhos quanto o pacotinho que os guardava. – Grrrrrr! Já te falei para não comer o pacote!!!!! – Gritou novamente, batendo o cajado do chão e retirando a criatura.

Veloz como um vulto, Artemis corria loucamente, a cada seis segundos trocando de forma para correr mais. Usava seu manto de flores, que aumentava mais ainda a rapidez de seus movimentos. Sua forma era de raposa com pelagem laranja, quase avermelhada, enquanto o pescoço era branco. As patas eram marrons e a cauda com ponta branca. Corria como se sua vida dependesse disso, mas não por de fato precisar. O poder de seus movimentos lhe traz uma sensação positiva. Torna-se a dominante, feiticeira caçadora das florestas de Pan Gu. Devota da magia negra, apesar de não possuir cunho religioso nenhum, um pequeno ser seguia a mestiça por todo lugar. Ela era roxa, com uma saia longa e asas. Seu corpo pequenino brilhava intensamente em roxo, e as vezes se transformava em uma fada da primavera. Esta é a Daimon que a segue desde nascença. Todas as raças de Pan Gu possuem um espírito da natureza que os segue por toda a vida. Este espírito possui várias habilidades de suporte, conforme sua evolução, e cada um deles representa uma estação, e conforme crescem, possuem quatro formas. As Daimons de Primavera têm um brilho cor de rosa, e soltam pétalas coloridas em sua última forma. Já as de inverno, consideradas as mais belas, possuem um brilho branco intenso, e por onde passam deixam pequenos flocos de neve, que em seguida desaparecem. A Daimon de Verão, sempre animada, possui asas de borboleta que mudam as cores conforme ela cresce, e um brilho verde azulado. Por
outro lado, a Daimon do Outono possui uma cauda amarela, e asas pontiagudas. Conforme cresce, sua aparência fica avermelhada, assim como seu intenso brilho.
Quando alguém escolhe o caminho que irá seguir em Pan Gu, na eterna batalha entre o bem e o mal, as Daimons têm a função de absorver os espíritos condutores, de luz e de maldade. Estes espíritos conduzem o ser para seu futuro, influenciando diretamente em suas habilidades, deixando-os mais poderosos e com características únicas. Em razão disto, ambos os espíritos se tornam guias do ser, que tem o dever de reverenciá-los, pois graças a esta união espiritual de seus guias, é possível evoluírem como jamais imaginado. Os selvagens possuem um vínculo de eras com a natureza, mas na realidade, seu passado é torturante.
Há muito tempo, antes da nascença dos seres mais queridos do deus de Pan Gu, havia uma raça com extraordinárias habilidades, mas a mais incrível de todas, era a habilidade de voar. Seres ligados à magia e a natureza, que faziam dela seus lares. Após iniciada a guerra dos sem alma, o povo Alado foi dividido, e então nasceu uma nova raça: Os Selvagens. Anjos caídos por inúmeras traições, sua punição foi perder o maior de seus dons, o de voar, e a mutação de sua aparência, antes angelical, para criaturas selvagens e ferozes. Os homens perderam quase toda a sua habilidade magica, porém compensaram em uma força felina esmagadora. As faces de tigres, leões e ursos assumiram seus corpos, e como bárbaros, os guerreiros másculos protegiam seus vilarejos. Já as mulheres, muito mais intimas da magia, perderam os elementos divinos mas receberam um poder jamais tocado: As pragas da madeira. Seus corpos de Kitsunes, mestiças de raposa, tinham um aspecto mais próximo do que antes, mas sem as asas de anjo e com o acréscimo de orelhas e cauda de raposa. Usavam a magia para atacar os inimigos, com pragas de insetos e abusando do elemento madeira, construíram a Cidade das Feras, um local seguro e cheio de muralhas para defender os mais fracos de seu povo. Artemis é uma dessas senhoras, que pela sua incrível conexão espiritual com a natureza, ganharam a habilidade de domesticar os seres, e usá-los em combates. Ela refletia nas antigas histórias de seus ancestrais enquanto se aproxima das vilas, com uma velocidade que nenhuma das feras ao redor poderiam alcançar.
O sol ainda raiava forte, próximo de seu ápice ao meio-dia. Vários dos Selvagens caminhavam nas ruas da grande cidade, em busca de sua refeição, troca de informações e descontração. Era um ótimo horário, pois todos estavam mais sociáveis. Sabendo de inúmeras possibilidades de ataques, os guardas reforçaram toda a segurança na Cidade das Feras, no entanto, os guerreiros mais poderosos não estavam por lá, estavam em guerra de nações gigantes. Por mais que o horário não seja o mais propício a tragédias, a ausência de grande parte dos Bárbaros e Feiticeiras de alto escalão torna a cidade uma possível refém. Os guardas estavam minunciosamente atentos a cada movimento, pois quaisquer ameaça seria destruída, por ordens do ancião. Os cães estavam muito mais irritados do que de costume, rosnando nos portões. Na entrada do Sul, um dos guardas avistou a poeira levantar, o que pode significar movimentação brusca.
[Guarda 1] – MOVIMENTO!!! 00 HORAS!!! SUL!!! – Gritou para que seus companheiros entendessem o que ele via. E a informação fluiu como água na fonte. Percorreu toda a muralha da Cidade das Feras e suas montanhas, uma proteção natural. Como um defensor das próprias terras, o guarda mirava o seu arco e flecha na direção da poeira, que pouco a pouco aumentada, podendo significar aproximação de alguma criatura. Não podendo arriscar, os Bárbaros tocaram as cornetas, feitas a partir de chifres, de uma forma que o som avisasse a todos os Selvagens presentes na cidade, mas principalmente alertava a comunicação entre os guardas. Todos eles usavam um uniforme padrão, com um elmo simples e de metal, peitoral, perneiras, botas e braceletes de aço, mas que não cobriam o corpo inteiro. Todos eram completamente peludos, e por mais que fossem humanoides, suas cabeças eram, na verdade, de algum animal feroz, como leões, tigres, lobos e ursos. Cada um com suas características, mas todos com habilidades medianas. A criatura se aproximava, chegando à ser visível seu vulto em meio à poeira, mas ainda sem o potencial necessário para ser identificado.

Correndo cada vez mais veloz, era mirada pelos guardas, cheios de vigor. Não era comum para os Bárbaros a utilização de instrumentos como arcos, instrumento que apenas alguns guardas podiam utilizar e por uma única razão, a proteção da Cidade das Feras. Os demais utilizavam marretas, machados longos, duplos e curtos e outras armas, normalmente com grande peso. Concentravam-se na explosão de seu vigor e em suas armaduras, resistentes e poderosas. Esta era uma ótima vantagem para ela, apesar da situação. Os conhecia com a palma das mãos, e fixando o seu olhar a fronte, o seu falcão voava pelos céus, tornando-se seus olhos. Tinha visão do campo inteiro, inclusive de boa parte da cidade. Em forma de raposa, a criatura corria tão veloz que os próprios guardas não podiam acreditar, até que o velho ancião, o leão mais forte de todos os Bárbaros, saltou parta a muralha, aguardando a chegada do inimigo. Sorriu se canto, pois sábio e poderoso, lançara seu rugido feroz, o qual fora ouvido por quase todo o bosque, potencializado pelas montanhas e desfiladeiros.
– Heee... Ele está animado hoje.... – Disse a criatura para si mesma, ainda tão distante que não poderia ser identificado pelos guardas, mas do ancião não há como se esconder, e ela sabia disso.
A aproximação estava já a um nível de reconhecimento, ao menos da forma da criatura. Os guardas ainda duvidavam, porém, o ancião, forte e destemido já sabia de quem se tratava, e sabia qual era seu objetivo. Restava pouco para o impacto, e um dos guardas gritou.
[Guarda 2] – SAFIRATHHHHH!!!!!!! – Neste momento, todos arregalaram os olhos. Era ela novamente. A bruxa ruiva, sedenta por vingança contra seu mestre. – Essa víbora ainda vive... – Disse o guarda, ao lado do ancião, ambos com os olhos fixos no inimigo.
[Ancião] – Ela foi uma das melhores, mas não é mais tão assustadora assim. Temos uma carta na manga.
[Guada 2] – Qual carta é essa, mestre? – Questionou o jovem soldado, desviando seu foco para olhar o leão gigante ao seu lado, que sorria malicioso. De tão sábio, já sabia o resultado de tudo aquilo. Seu poder é único e sua aura enorme, e nem mesmo a pior das inimigas dos Selvagens poderia ser párea para sua extensa aura dominante, que tudo vê e que tudo sabe.
[Ancião] – Apenas se prepare jovem, o impacto será violento! – Disse o mestre, já se posicionando para a batalha. Os guardas levantaram seus arcos, prontos para os primeiros disparos.
[Guarda 1] – FOGO!!!! – A cerca de 200 metros de distância, o alvo recebe, enfim, a chuva de flechas dos Bárbaros. Não possuíam destreza o suficiente para o acerto único, e por isso a tática os obriga a colocar todos os guardas com maestria em arco para atirar, formando uma chuva de flechas que dificilmente erra seu alvo.

– Brincadeira de criança... – Sussurrava ela, transformando-se segundos antes do impacto das flechas em uma raposa branca de nove caudas. Sua mobilidade aumentou ainda mais e tornou-se imune a paralisia por seis segundos. Riu de canto, pousando as patas roxas na areia em fração de segundos, logo saltando cada passo rápido para dificultar a visibilidade dos demais selvagens a sua frente. Ela era rápida, poderosa e imponente. Transformou-se novamente em sua forma humanoide, ampliando seus movimentos novamente. Seus cabelos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo alto. Os olhos verdes focavam seu adversário, o Ancião. Os lábios carmim sorriam maliciosos, e as garras afiadas para trás do corpo, estavam prontas para o ataque. Poucos metros de distância do portão, Safirath saltou para frente, e com a destra invocou seu cajado, em fração de segundos, apontou para o mestre, antes que iniciasse qualquer micro-onda sonora de invocação, seu corpo foi empurrado brutalmente para baixo.
Os pés da mestiça fizeram questão de prender a nuca e a coluna da inimiga. Os orbes estavam alaranjados, reluzentes como o sol, pela chama que queimava em sua alma. Esmagou a ruiva no chão com o seu peso e impulso do salto. Surpreendeu a invasora de tal maneira que nem os guardas podiam acreditar. As riscas em sua bochecha estavam mais intensas. As madeixas negras e soltas ondulavam pelo corpo da Kitsune. Cerrava os dentes, tomada pelo ódio que a ruiva lhe causava. Assim que caiu no chão, deu uma cambalhota para trás, apontando seu cajado Rank 8 para a megera.
– Sua pôdre! Hoje você vai MORRER!!!!! – Gritou Artemis, sedenta por vingança contra aquela que destruiu sua família. Já a ruiva, ergueu-se com dificuldade, ferida e com um sangramento escorrendo da boca, olhou séria para a mestiça e sorriu maliciosa. – VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE OLHAR PRA MIM VADIA!!! – A ira da morena tomava sua consciência, e sua aura Selvagem estava inquieta, louca para dominar sua mente. Levou o cajado à frente do corpo, e rapidamente invocou Hércules.
[Safirath] – Sua criança, acha que pode me derrotar é? Com esse gordo fracote? Hahahahahahah. – A ruiva provocava Artemis com muita arrogância e malícia, fazendo o mesmo movimento com o seu cajado, também rank 8, mas este não era reforjado, pois não brilhava como o da mestiça. Safirath então invocara seu Wu Kong, o Rei Macaco, tão desejado por todas as Feiticeiras pelo seu poder destrutivo de luta corporal. A criatura era da mesma altura de sua mestra, com cabelos dourados e olhos que chamuscavam. Usava um longo bastão para lutar, e num simples movimento de Safirath, o Macaco partiu para o ataque, correndo veloz na direção de Artemis. Saltou para evitar o gigante, mas não contava com sua principal habilidade, atração de hostilidade.
Do corpo grande e forte de Hércules começou a sair ondas de energia laranjas, e no próprio salto do Macaco, o mesmo foi atraído e manipulado, tendo obrigatoriamente que atacar o gigante. Wu Kong batia no adversário para paralisa-lo, mas seus golpes eram quase que inúteis contra o ser. Forte e resistente, Hércules aguentou por alguns segundos os danos de Wu Kong, até libertar-se do Stun, em que esticou um dos braços, pegando o
macaco pelos cabelinhos. Artemis invocou o feitiço sinergia e fúria, amplificando o poder de ataque de seu pet, enquanto ao mesmo tempo conjurava a boneca, para destruir Safirath pelo seu Voodoo. Por outro lado, a ruiva não se deixaria ser vencida facilmente. Conjurando três tipos diferentes de refletores, passou a curar loucamente seu pet, pois sabia que aquele seria o ataque mais forte de Hércules. Girava Wu Kong pelos cabelos, dando quatro voltas para pegar impulsão, até que na última, soltou o inimigo, que voou longe e bateu suas costas na parede de terra, caindo e perdendo a consciência.
[Guarda 1] – Esta é a nossa chance! – Gritou o guarda, sinalizando para os arqueiros se prepararem para atirar.
[Ancião] – Parem! Esta luta é só dela! – Interrompeu o leão, líder de todos os soldados selvagens, cujas ordens eram respeitadas mesmo que valessem vidas.
Caminhou em direção a Safirath, ainda com ódio fluindo por toda a sua aura Selvagem. Emanava uma energia roxa, a junção perfeita entre a magia de madeira e a magia negra. Caveiras roxas ficaram ao redor da mestiça, que finalmente conjurou.
– PRAGA DOS GAFANHOTOOOOOOOS!!!! – As caveiras partiram todas em direção de Safirath, lacrando-a e impossibilitando de executar qualquer magia. – MORRAAAAA!!!! – Com uma adaga, cortou a boneca de Voodoo ao meio, fazendo com que Safirath sentisse toda a dor e tortura, mas que ainda permanecesse viva. Hércules chegou após longos passos no local que Wu Kong caiu, e erguendo-o, quebrou seu pescoço, eliminando qualquer chance de retorno sem ação de Safirath. Em seguida, correu em direção à sua mestra, e com seu marrete de espinhos, bateu para esmagar a boneca, pois o Hércules ataca sempre o mesmo alvo de sua mestra. Safirath gritava de dor, ajoelhando-se e tentando executar suas magias. O refletor de Safirath devolvia toda a dor que ela sentia para Artemis, mas a ruiva não contava que aquelas dores não eram nada comparadas há tudo o que a mestiça passou para chegar até ali.
Acabados os efeitos do lacre, da boneca e dos refletores, sobrava pouca energia para ambas as feiticeiras. Ambas se olharam de longe, e com uma gana e força do último suspiro, partiram para o ataque. O último. Gritaram, sedentas, enfurecidas. Suas caudas peludas, seus cabelos desarrumados, ambas se confrontaram, saltando em direção uma a outra, transformando-se em raposa. As caninas branca e laranja sofreram o impacto. As garras batendo no focinho uma da outra. As defesas ampliadas, o ódio aumentado. Hércules correu para defender sua mestra, mas antes que pudesse fazer algo, por ser lento demais, Safirath invocou o Derjan, o esqueleto do dinossauro antigo. Este assim que foi materializado, avançou em Artemis, mordendo-a no ombro.
– Grwwwaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarrrr !!!!!!!!!!! – Gritava, louca de dor. O gigante correu em sua direção e, com o corpo poderoso, trombou com força no esqueleto de dinossauro, quebrando-o completamente. – Humpf! – Respirava, bastante ofegante. O dourado ficou entre sua mestra e a ruiva, rosnando para ela e partindo também para cima da raposa branca.
Era uma batalha que poderia causar a alteração do destino na Cidade das Feras. A raposa branca, também exausta da batalha, transformou-se em humanoide novamente para correr, no entanto, já era tarde. Usando o mesmo golpe, Hercules segurou o pulso da Kitsune, girando ela por quatro vezes até dispará-la para o alto, fazendo-a bater na parede do desfiladeiro em volta da cidade.
[Ancião] – Prendam a Safirath! – Disse o leão, esperando já pela sobrevivência da ruiva, que sempre fora persistente e já havia destruído um exército de seus homens. Eles a cercaram, já inconsciente, e levaram-na para os calabouços. O ancião aproximou-se de Artemis, que ainda estava consciente, porém fraca demais para se mover bruscamente. Ajudando-a, o velho mestre carregou a mestiça até o centro da Cidade, levando-a até o centro das curandeiras, que utilizavam ervas medicinais. Após certo repouso, ela estaria pronta para uma nova luta como esta.
Esta era a grande missão da mestiça. Artemis é uma caçadora de Elite, a corredora mais veloz de sua geração. Suas ações mais recentes já haviam salvado a Cidade das Feras de seu holocausto, e desta forma ganhou a reverência dos superiores. Eles sabiam que com a ausência dos demais Selvagens de elite, a Cidade estaria segura se fosse nas mãos da heroína dos portais, a Feiticeira e Caçadora, Artemis.
